Representantes dos setores público e privado formam comissão para discutir o turismo de Cunha

Foram eleitas pessoas referência em suas áreas de atuação para trazer à pauta demandas de cada setor envolvido com o turismo local.

Os trabalhos em prol do turismo cunhense estão a todo vapor e mais uma etapa está acontecendo: foi formada em abril (e oficializada pelo Decreto Municipal 021/2022), a Comissão de elaboração da proposta de atualização do Plano Diretor de Turismo (PDT) da cidade.

Mas o que isso quer dizer?

Que foram escolhidos representantes de diversos segmentos – como equipamentos de hospedagem e alimentação, atrativos, receptivo turístico, eventos, produção associada ao turismo, ceramistas, comércio em geral, além do Poder Público e da população – para serem porta-vozes das questões-chave que o PDT deve abordar. “O município deseja investir prioritariamente no turista (com pernoite) ou no excursionista (que faz bate e volta)? Nos eventos permanentes ou itinerantes?” Essas e várias outras perguntas serão respondidas pelo trade e pela população ao longo do processo de construção do Plano.

Como explica o diretor-executivo da ABET, Dener Fonseca, “temos três objetivos principais nesse trabalho do PDT: fortalecer as instituições, entes e competências; desenvolver os instrumentos de planejamento e gestão; e fortalecer a base normativa. Além disso, precisamos criar senso de pertencimento na população e, com a Comissão, o principal desafio é engajar o empresariado e os investidores para que atuem em consonância com o Poder Público. Em Cunha, temos gente muito boa tecnicamente no que faz. São pessoas fazendo o que amam e fazendo bem, e que são muito bem relacionadas. O que falta hoje é um Sistema Municipal de Turismo organizado para juntar todo mundo. A Comissão será fundamental nesse ponto, a fim de reunir todas essas pessoas para que trabalhem em conjunto, seguindo na mesma direção, e, assim, consigamos resultados melhores para o trade, para a comunidade e para o visitante”.

E como será o trabalho da Comissão?

1. Os representantes foram eleitos por meio de votação junto ao trade turístico e indicação do COMTUR.

2. Um Decreto Municipal oficializou sua formação.

3. Estão sendo feitas reuniões semanais entre os representantes e a ABET (Agência Brasileira de Engenharia Turística), empresa contratada pela Prefeitura e que está responsável pela atualização do PDT, trazendo temas pertinentes ao projeto.

4. Serão criados grupos reunindo representantes e seus representados para que possam se reunir, enviar os links das pesquisas que serão feitas e discutirem ideias que devem ser trabalhadas. Ex.: o representante dos equipamentos de hospedagem, Claudinei Silveira (do Pouso Caminho das Artes) se reunirá com donos e gestores dos demais hotéis, pousadas e meios de hospedagem da cidade para discutirem sobre as questões mais relevantes para o setor no âmbito turístico. A partir disso, ele levará à Comissão os principais questionamentos apontados e que devem constar no novo PDT. Os outros membros da Comissão também terão seus respectivos grupos.

5. Será realizado o Seminário Visão de Futuro (em junho): um superevento presencial que reunirá todo o trade turístico, Poder Público e população para pensarem juntos em soluções para o turismo cunhense para os próximos anos (estas comporão a base do PDT). Na ocasião serão apresentadas questões levantadas ao longo das etapas anteriores e cada segmento terá lugar de fala para defender suas ideias.

6. A partir dos resultados do Seminário (alinhado com o que foi pautado nas demais reuniões), será concluída a elaboração da proposta de atualização do PDT e, posteriormente, apresentada ao COMTUR para aprovação final.

Iniciativa privada é peça-chave para a gestão compartilhada do turismo

Muito tem-se questionado sobre a longevidade das ações que estão em curso e, em parte, com razão. Não é de hoje que os investidores cunhenses discutem medidas para alavancar o setor e sabemos que é um trabalho árduo e contínuo esse de mobilizar as pessoas e fazê-las acreditar em uma ideia para tirá-la do papel.

Pensando em uma estratégia nesse sentido, Fonseca acrescenta que “um dos objetivos centrais do PDT é justamente institucionalizar o turismo, ou seja, fazer com que o turismo seja maior do que o secretário que está em exercício e do que a iniciativa privada atuante no momento. Ele tem que funcionar independentemente de quem estiver à frente da gestão. Com o SITUR Cunha, Sistema de Inteligência Turística que está sendo implantado no município, isso já começa a ser uma realidade mais palpável: o portal turístico que está sendo construído, por exemplo, terá domínio estadual (.sp.gov.br) e, dessa forma, vira patrimônio da cidade e não da administração em vigor. Outro ponto que está sendo trabalhado com bastante cuidado são as questões relacionadas à base normativa para que todas as ações estejam legalmente respaldadas e tenham garantia de sua continuidade, sendo um legado para toda a comunidade, a maior beneficiada pelo projeto. Para concluir, também acredito muito que promovendo a gestão compartilhada do turismo (estratégia que tem o apoio da administração municipal), definindo bem o que cabe ao Poder Público e o que cabe à iniciativa privada, as ações terão mais fluidez e todos trabalharão mais alinhados aos objetivos em comum, sabendo em que podem atuar e sobre o que podem cobrar”.

Questionados sobre as características e desafios que o setor do turismo enfrenta na cidade hoje em dia, os representantes deram suas opiniões:

Para Vera Sorgiacomo, do Veríssima Bistrô e representante dos equipamentos de alimentação na Comissão, “Cunha é uma cidade maravilhosa e tem tudo para se desenvolver bem, principalmente em relação ao turismo. Temos o produto pronto: além da natureza exuberante e do clima delicioso, temos uma gama maravilhosa de artistas e rede de restaurantes e pousadas de alta qualidade. É um município amplo, ou seja, não temos congestionamentos expressivos, pois é possível transitar por várias vias e o trânsito flui bem, as pessoas podem usufruir de vários locais, conhecer coisas diferentes e temos atividades para todo tipo de gosto. Hoje, acredito que falte um bom trabalho de marketing para vender nossa cidade para um público qualificado e que vai passar a amá-la tanto quanto nós”.

Já para o representante dos atrativos turísticos e dono do Canto das Cachoeiras, Cláudio Luiz Dal Prá, “para o turismo de Cunha deslanchar de vez, acredito que falta o técnico, pois os bons jogadores (trade) a gente já tem. Nós, da iniciativa privada, temos que nos unir e financiar algumas ações também, não pode ficar tudo nas costas da administração pública. Reconheço que temos algumas lições de casa que estão ficando sem fazer. O fato da Prefeitura ter contratado a ABET, a meu ver, já indica uma novidade e seu papel será muito maior do que ‘apenas’ criar um PDT: ela terá o (imenso) desafio de unir todas as pessoas em prol de objetivos comuns, que vão na mesma direção. Os trabalhos que estão sendo feitos são de grande valia para a cidade e o Seminário Visão de Futuro que vai acontecer, mais do que traçar uma visão de futuro em si, vai nos ajudar a entender, de forma homogênea, os conceitos básicos que gerenciam o turismo da nossa cidade e será muito válido para integrar os segmentos envolvidos diretamente ou não com a atividade turística no município”.

Vito Consoli, da Il Pumo Gastronomia e representante dos meios de produção associada ao turismo na Comissão, completa: “Um ponto que considero muito importante é treinar quem está na ponta da lida com os visitantes (como os comerciantes) para que consigam dar informações de qualidade a eles”.

Douglas José de Oliveira, que está à frente do setor de eventos na Comissão, corrobora com a visão de Consoli: “É fundamental que se atualize e conscientize todos da importância da atividade turística local, principalmente o comércio. Os comerciantes também precisam trabalhar mais em parceria com o Poder Público e entender que cada um tem seus deveres e que esse ‘novo turismo’ começa nos negócios de cada um, inclusive porque ainda há muitos na informalidade. Por outro lado, em nossa cidade, além de toda a beleza natural, acredito que o principal ‘capital’ seja nosso povo, que é bem acolhedor e consegue fazer com que os visitantes se sintam em casa. Entendo que isso é um grande diferencial e que pode ser trabalho em prol da promoção do turismo por aqui”.

Sorgiacomo finaliza: “Acredito que esse trabalho terá um bom retorno, mas será preciso que as pessoas participem dos processos. Tem tudo para dar certo, mas precisa da participação dos representantes e representados. Estamos com metas ambiciosas, então temos que nos empenhar”.

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