SITUR será implantado em 41 municípios do Tocantins

Torre da Lua, serra que compõe a Chapada das Mesas, no estado do Tocantins.

Ações em prol do turismo serão feitas em parceria com o Sebrae estadual e as Prefeituras locais.

Que o estado do Tocantins tem belezas naturais de sobra, cultura riquíssima e pluralidade populacional, todo mundo sabe. E, com o intuito de levantar o potencial turístico dos municípios tocantinenses, está sendo iniciado os trabalhos entre a ABET (Agência Brasileira de Engenharia Turística), o Sebrae-TO e as administrações municipais das 41 cidades contempladas no projeto. Serão feitos Inventários da Oferta Turística em cada uma delas, além de planejamentos com foco em promover o desenvolvimento sustentável do turismo na região, trazendo resultados para o trade e, claro, para os moradores dessas localidades.

O superintendente do Sebrae-TO, Moisés Gomes, ressalta que o turismo é um dos principais vetores de desenvolvimento e assim o setor tem sido tratado como prioridade na instituição no âmbito do projeto Cidade Empreendedora. “Estamos focados na identificação das potencialidades e na estruturação dos destinos turísticos regionais, na busca e na consolidação de parcerias estratégicas, visando ao alcance de resultados efetivos para os pequenos negócios da região amazônica e do Tocantins”.

Na primeira fase do projeto serão atendidas as cidades de Araguaína, Araguatins, Colinas do Tocantins, Filadélfia, Lizarda, Mateiros, Pau Darco, São Bento do Tocantins, Tocantínia, Tocantinópolis e Wanderlândia, conforme explica o analista técnico do Sebrae-TO e gestor do contrato, Gilberto Martins Noleto: “A ABET é uma empresa com muito know-how e ampla experiência no mercado. Ela será responsável por realizar os inventários da oferta turística como instrumentos-base de informações e os planejamentos turísticos dos municípios para fins de gestão da atividade turística com foco em gerar negócios. Acreditamos que o SITUR (Sistema de Inteligência Turística) será uma forma organizada e planejada de executar bem os trabalhos e, por meio dele, os municípios poderão falar com propriedade sobre seus resultados, uma vez que estarão embasados em dados. Estamos muito felizes com essa parceria promissora”.

De acordo com o responsável técnico pelo projeto e diretor-executivo da ABET, Dener Fonseca, “o SITUR tem, hoje, o maior banco de dados do turismo brasileiro. Para essas cidades em que vamos trabalhar, por exemplo, já temos mais de 80% da oferta turística mapeada. Com as visitas presenciais dos pesquisadores, vamos validar, por exemplo, se os negócios turísticos continuam ativos ou não. Um resultado natural que acontece com a implantação do Sistema é o aumento do interesse de gestores e moradores nas questões que estão sendo discutidas, uma vez que eles passam a entender a importância disso para se beneficiarem das políticas públicas em prol do turismo oferecidas pela administração municipal. Outra ação que faremos será quanto à pesquisa de leis, da estrutura administrativa da Prefeitura e dos instrumentos de planejamento e gestão, para entender melhor como a cidade funciona e quais estratégias devemos propor para atender aos anseios do público envolvido diretamente ou não com a atividade turística. Por fim, vamos posicionar cada um dos municípios com base no Índice de Desenvolvimento Turístico que será criado para o Estado em parceria com o SEBRAE Tocantins”.

Mateiros será o plano-piloto

Por ser um destino turístico já consolidado, Mateiros, que engloba parte do Parque Estadual do Jalapão, foi escolhido como piloto, conforme ressalta a secretária de Desenvolvimento Econômico, Meio Ambiente e Turismo, Thaysa Demarchi: “Nosso município é um destino de alta procura e é um dos que mais tem atrativos e meios de hospedagem. Estamos em um momento superimportante para o turismo na cidade e as ações que estão sendo feitas, como a implantação do SITUR, nos ajudarão muito a nortear os investimentos futuros em turismo”.

Um novo olhar sobre a função do turismo nas cidades

Mais que levantar dados sobre as cidades, o projeto visa entender o potencial turístico de cada uma delas e propor ações de forma que as populações locais sejam as grandes beneficiadas. 

“Um dos pontos mais desafiadores do nosso trabalho é despertar nos moradores o sentimento de pertencimento. Ali é a terra deles, a casa deles, e nada mais natural que eles sejam positivamente impactados pelas ações. Essas pessoas estão no centro das nossas atenções e acreditamos que cada morador satisfeito vira um embaixador da própria cidade, defendendo-a e cuidando do que ela tem de melhor. É uma forma de valorizar o capital social dos lugares. Turismo se faz com tempo e responsabilidade”, destaca Fonseca.

Essa visão é corroborada por Aldeni Torres, representante do Sebrae-TO – Regional Médio-Norte, que abrange as cidades de Colinas do Tocantins e Pau Darco: “Essa comunicação entre a gestão pública, a iniciativa privada e as comunidades locais é fundamental para o sucesso e longevidade dos projetos. Queremos fazer um trabalho de resgate da cultura e das tradições das cidades para que no futuro consigamos transformá-las em polos de turismo, respeitando a capacidade de cada uma delas”.

Para o secretário-geral de administração de Pau Darco, Paulo Pereira Oliveira, entender a atual situação do município é a base para os próximos passos: “Aqui temos um turismo muito rural, de acampamento e contato direto com a natureza, principalmente pela nossa proximidade com o Rio Araguaia. Antigamente, tínhamos eventos e competições, como vaquejadas e cavalgadas, com regularidade para entreter o turista, além de capacitações para o trade (como palestras sobre plantação de abacaxi e produção de queijos) relacionadas ao desenvolvimento rural. Hoje em dia, a realidade mudou um pouco e temos que entender nossas limitações, pois, de certa forma, nossos atrativos estão saturados. Temos espaço para investir em pesca esportiva e outras demandas, por exemplo, mas precisamos desenvolver esse trabalho, focando em nossa regionalização turística e tornando a cidade mais bonita, agradável e receptiva para acolher o visitante. Se conseguirmos trazer 10 turistas, queremos que eles gostem tanto que tragam mais 10”.

Respeito à terra e aos povos que ali residem

Um dos pontos-chaves de qualquer trabalho de pesquisa é a observação. Entender o “way of life” (ou modo de vida) das pessoas do lugar que se deseja saber mais a respeito é fundamental para propor ações que façam sentido para aquela comunidade. É como se você estivesse começando em um trabalho novo: é pouco eficaz já chegar tentando impor suas visões sobre os processos; primeiro temos que entender a dinâmica do dia a dia da empresa para, só depois, propor iniciativas que ajudem a resolver os gargalos que foram identificados. E as primeiras fases do projeto são assim: de pesquisa e muita conversa com os stakeholders.

Quando o assunto é pessoas, plurais e com visões de mundo tão diferentes, esse cuidado se faz ainda mais necessário. Em Tocantínia, por exemplo, cidade banhada pelo Rio Tocantins e que fica a 75 km de Palmas, 90% do território é ocupado há décadas pelos indígenas da tribo Xerente. Para a turismóloga do Sebrae-TO, Ana Flávia Borges, “os maiores recursos turísticos da cidade (como cachoeiras e pinturas rupestres) estão em território indígena. É um dos municípios mais antigos do estado, com muito potencial, e é vital que esses grupos étnicos também possam ter participação ativa nas decisões que os envolvem”.

Essa visão também é compartilhada por Edglei Rodrigues, do Sebrae-TO – Regional Metropolitana: “Estamos com uma expectativa muito grande em relação ao projeto. Os líderes locais começam a perceber novas oportunidades em relação às ações feitas no sentido de evocar e promover o potencial turístico do município e, a partir do diagnóstico que será feito, esperamos conseguir propor soluções para o desenvolvimento sustentável do turismo local”.

A secretária de Turismo de Tocantínia, Larisse Alencar Santana Caldeira, reforça ainda que um dos pontos mais importantes para o sucesso do projeto é respeitar a história, a cultura e as tradições dos povos nativos – “Sabemos que temos muito o que mostrar ao mundo sobre nossa cidade. É uma terra com muita natureza e que pode oferecer trocas muito ricas entre indígenas, demais moradores e visitantes. Essa aproximação com culturas tão únicas (e que representam tão bem nosso estado e nosso país), com certeza tende a ser muito significativa para a promoção do turismo para além das nossas fronteiras”.

Fontes de riquezas naturais, emprego e renda

Tocantins é um estado ricamente banhado por água doce, como ressalta o secretário de Turismo, Meio Ambiente e Recursos Hídricos e coordenador de Proteção e Defesa Civil Municipal de Filadélfia (cidade há pouco mais de 500 km da capital), Sávio Gomes Espírito Santo: “Aqui temos atrações voltadas para o turismo científico com o Monumento Natural das Árvores Fossilizadas do Tocantins (Monaf), que chamam atenção a nível mundial, além de muita água. Turismo não se faz sem água e nossa natureza é praticamente intocada. Nosso desafio está em orientar o trade quanto ao potencial turístico da cidade para que possam investir no setor e nos ajudar a fomentar o desenvolvimento do setor por aqui”.

Em São Bento do Tocantins, esse objetivo também faz parte do planejamento da gestão municipal, como pontua o secretário de Meio Ambiente, Saneamento, Turismo e Lazer, Jhon Erles Rodrigues de Carvalho: “Nosso município está precisando de investimentos e ações voltadas para o turismo, e acredito que com o trabalho em equipe só temos a ganhar. Nossa cidade tem muito potencial turístico – temos muitas cachoeiras e uma beleza natural imensa -, mas ainda pouco explorado pelo setor”.

Foto: Torre da Lua: serra que compõe a Chapada das Mesas, localizada em Filadélfia/TO. Crédito: Sávio Gomes.

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